Eu uso o meu deslumbramento
como velhos ténis de corrida —
não elegantes,
não sofisticados,
surpreendentemente inadequados
em certas salas.
Reparo como os outros
às vezes franzem o nariz
ao verem um deslumbramento tão evidente,
pensando, talvez, que devo estar alheio
ao código de vestuário:
saltos agulha de apatia,
saltos altos de indiferença,
botas de reserva fria.
Mas, caramba, este deslumbramento
leva-me onde preciso ir
cada centímetro,
cada milha, até
atravessar a sala.
Quando em todo o lado onde piso
há vidro partido,
usar este deslumbramento
é a única razão
pela qual consigo mover-me.