Agora contaremos até doze
e ficaremos todos quietos.
Por uma vez sobre a terra
não falemos em nenhum idioma,
por um segundo nos detenhamos,
não movamos tanto os braços.
Seria um minuto flagrante,
sem pressa, sem automóveis,
todos estaríamos juntos
numa quietude instantânea.
(…)
Se não podemos ser unânimes
Sobre mover tanto as nossas vidas,
talvez não fazer nada uma vez,
talvez um grande silêncio possa
interromper esta tristeza,
este não nos entendermos jamais
este ameaçar-nos com a morte,
talvez a terra nos ensine
que quando tudo parece morto
tudo volta a estar vivo.
Agora contarei até doze
E tu te calarás e eu vou-me embora
– Pablo Neruda