Mindfulness é uma atitude, uma forma de estar na vida (em todas as suas dimensões) e portanto, é também uma decisão pessoal e individual independente do contexto em que estejamos (em casa, nas férias, no trabalho, …). Sabendo disso, reconhecemos também que existem ambientes que facilitam e bloqueiam essa intenção e que o ambiente de trabalho nem sempre nos ajuda a permanecer “mindful”.

Com isso em mente, preparámos uma lista com algumas dicas que podem ajudar a trazer o mindfulness para o local de trabalho:

• Definir intenções: Estar atento e presente em cada momento é uma decisão consciente. Tome a decisão clara de estar o mais presente possível, seja no início da jornada de trabalho ou no início de cada tarefa, lembrando a sua intenção.

• Elimine distrações: se nosso objetivo é treinar a nossa atenção, então um dos primeiros passos que podemos tomar é eliminar distrações o máximo possível. E se as distrações internas costumam ser mais difíceis de desligar, façamos o nosso melhor para controlar algumas das distrações externas. Como exemplo, definir horários sem telemóvel, desligar notificações, facilitar espaços de silêncio ou isolamento (e comunicar os nossos limites).

• Pausa: Parece tão simples, mas no nosso dia geralmente agitado passamos de uma tarefa para outra sem parar. Pare, mas não faça nada, apenas seja, apenas respire. Mesmo que seja apenas por um minuto, pequenas pausas conscientes ao longo do dia podem fazer a diferença. Experimente fazê-las no início e no final da jornada de trabalho, no início de cada reunião ou telefonema ou ao passar de uma tarefa para outra.

• Conecte-se com seus sentidos: Conectar-se com nossos sentidos ajuda-nos a evitar pensamentos ruminantes e estar mais presentes. O que quer que estejamos a fazer e especialmente se nos sentirmos muito distraídos, trazer a atenção por um momento para o nosso corpo e para os nossos sentidos ajudará a redirecionar a atenção para o momento presente.

• Incluir práticas de mindfulness: Pode ser desafiador encontrar no contexto de trabalho um espaço onde possa ficar em silêncio e meditar por alguns minutos ou mesmo talvez não haja tempo disponível para isso. Em qualquer caso, existem práticas dedicadas mais curtas (micropráticas) que podem levar apenas o tempo de três respirações ou práticas integradas que não requerem tempo adicional e que podem ser feitas no ambiente de trabalho.

• Use lembretes conscientes: Mesmo quando a nossa intenção é estar mais presente e atentos a tudo o que fazemos, é normal que no nosso dia a dia o esqueçamos. O nosso sistema mental padrão é de pensamentos repetitivos e quando estamos nas nossas rotinas diárias, o nosso corpo escolhe o que requer menos energia – o nosso piloto automático. Se quisermos aproveitar os momentos com mais intensidade e promover a nossa clareza, criatividade e bem-estar, então pode ser útil usar alguns lembretes. Alguns exemplos podem ser: colocar alarmes no telemóvel, usar uma app de mindfulness, colocar post-its em locais visíveis ou usar um objeto (relógio, pulseira) que lembre a intenção.

• Esqueça o multitasking: vários estudos realizados nos últimos anos mostraram que o multitasking é um mito. Na realidade, não é possível que a nossa atenção se concentre em duas tarefas intelectuais ao mesmo tempo. O que acontece na realidade é que a nossa atenção muda constantemente de uma tarefa para outra, dando-nos a sensação de que podemos realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Isso também tem suas consequências. A pesquisa mostrou que afeta a nossa memória a curto prazo, inibe o pensamento criativo, cria maior tensão mental e ansiedade, afeta a produtividade e aumenta a probabilidade de erro. Assim, focarmo-nos numa tarefa de cada vez (incluindo não ser interrompido por e-mails ou notificações) aumenta a produtividade e diminui a ansiedade.

• Use a comunicação consciente: Normalmente, no nosso trabalho diário, comunicamos com várias pessoas por telefone ou pessoalmente, sozinhos ou em grupo, de uma forma mais formal ou informal. A comunicação consciente é uma das práticas que podemos incluir na nossa rotina de trabalho e, provavelmente, uma das mais impactantes. Ao falar com alguém opte por prestar atenção deliberadamente ao que a outra pessoa está a dizer. Sem agenda anterior, sem interpretações e julgamentos, sem histórias adicionadas. Ouça com atenção, abertamente, com curiosidade. Concentre-se no outro, mas sem nunca perder de vista a própria presença, para que a sua comunicação seja mais precisa e eficaz.

• Use hábitos minúsculos: De acordo com Brian Jeffrey Fogg (fundador e diretor do Stanford Behavior Design Lab), uma das metodologias que facilitam a criação de um novo hábito, é associar o que quer começar (de uma forma minúscula e com pouco esforço) a uma rotina já estabelecida. Por exemplo: Sempre que o meu telefone toca (rotina), respiro fundo (novo hábito) antes de atender. A ideia é comprometer-se com esse novo hábito durante alguns dias e comemorar as conquistas antes de começar a ampliar o novo hábito.

• Encontre companheiros: Às vezes não encontramos interesses em comum com colegas de trabalho porque não os compartilhamos. São várias as oportunidades (uma conversa de café, um workshop, um artigo numa revista, …) nas quais, partilhando pontos de vista, descobrimos que existem outros dentro do nosso contexto de trabalho com interesses semelhantes (como pode ser o bem estar, a gestão de stress, a necessidade de foco). Colabore com essas pessoas como aliados e agentes motivadores para as suas próprias intenções conscientes e eventualmente para uma oportunidade de colaboração e integração na cultura corporativa.