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O que a neurociência nos diz sobre o mindfulness?

A investigação indica que cerca de 50% do tempo em que estamos acordados, a nossa mente está a divagar e uma das razões porque isso acontece é porque o nosso cérebro tem uma rede de modo padrão. O conceito de uma rede de modo padrão foi desenvolvido depois dos investigadores inadvertidamente notarem níveis surpreendentes de atividade cerebral em participantes experimentais que deveriam estar “em repouso”, que não estavam envolvidos em nenhuma tarefa mental específica, mas apenas descansando em silêncio. Esta é a rede envolvida no planeamento, no sonhar acordado e no ruminar. Também é chamado de “circuito narrativo” porque também se torna ativo quando estamos a pensar sobre nós próprios ou sobre outras pessoas (adicionando histórias a isso).

A rede de modo padrão é útil porque está envolvida na nossa memória, ajudando-nos a fazer um modelo do mundo e a prever o futuro com base em eventos passados. Mas também tem as suas desvantagens. Pesquisas recentes associam a rede de modo padrão com a infelicidade, depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção, hiperatividade (TDAH) e doença de Alzheimer.

Os estudos indicam que a rede padrão é menos ativa durante a meditação (evitando a ruminação e a divagação) e demonstraram uma maior conectividade funcional entre essa rede e as regiões da rede executiva central, relacionada com a gestão da atenção, sugerindo uma maior capacidade de monitorizar e gerir o pensamento divagante e autorreferencial.

Como as práticas de atenção plena mudam o cérebro

Há evidência de que a meditação mindfulness causa mudanças na estrutura e função das regiões do cérebro envolvidas na regulação da atenção, regulação emocional e autoconsciência.

Um exemplo disso é a investigação desenvolvida pela Dra. Sara Lazar e pela sua equipa (12,13,14) usando um grupo experimental que teve uma intervenção de meditação mindfulness de 8 semanas e um grupo controlo sem essa intervenção. A equipa estudou as diferenças na quantidade de massa cinzenta usando técnicas de neuroimagem fMRI. Os resultados mostraram que, ao contrário do grupo de controlo, o grupo de treino de mindfulness revelou um aumento da massa cinzenta (em comparação com sua própria linha de base antes do treino) em quatro regiões diferentes:

  • o cíngulo posterior (associado a divagação da mente e auto-relevância)
  • hipocampo esquerdo (aprendizagem e memória)
  • junção temporo-parietal (ajuda na empatia e compaixão)
  • ponte (ajuda na comunicação entre o tronco e o córtex, bem como no sono).

Os resultados também demonstraram uma diminuição da massa cinzenta da amígdala (área do cérebro conectada com o medo e o stress percebido). Essas mudanças na estrutura cerebral são coerentes com o feedback relatado pelos participantes que descreveram um aumento na sua qualidade de vida, bem como uma diminuição na ansiedade e stress, divagação mental e insónia. Eles também mediram o cortisol (uma hormona do stress) e encontraram níveis mais baixos de cortisol nos participantes sob intervenção de mindfulness.

Como o cérebro muda

Se há alguns anos se pensava que assim que se desenvolvia o nosso “cérebro de criança” tudo começava a declinar, agora sabemos que não é bem assim.

O nosso cérebro tem a capacidade de mudar a sua forma e função usando uma característica chamada de neuroplasticidade. Isso significa, por exemplo, que a massa cinzenta pode engrossar ou encolher e que as conexões entre os neurónios podem ser fortalecidas ou novas conexões podem ser criadas. Isso também significa que a estrutura e a ativação do nosso cérebro podem ser alteradas de acordo com as experiências que temos ou mesmo com o treino que lhe damos. Assim, o mesmo tipo de mecanismo que podemos usar para desenvolver a nossa memória ou aprender novos idiomas pode ser usado para treinar a nossa atenção e promover o nosso bem-estar. Isso é o que fazemos com as práticas de mindfulness.

“Repita aqueles comportamentos que são saudáveis ​​para o seu cérebro e quebre aqueles comportamentos e hábitos que não são. Pratique … e construa o cérebro que você deseja”

Lara Boyd, PhD, Universidade da Colômbia Britânica

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